Palavras e corpos quando se tocam
Enfeitam a fria vida tecendo-se em poesia.
Entorpece-se de amor e vinho,
Mostra os seios, a boca e a vida
Entrelaça os corpos, tece o linho
Entrega-se em êxtase, gozo e saliva
Aos caminhos percorridos pela língua
Marca as palavras no corpo vivo
Entrega a liberdade ao cárcere da paixão
Onde a luta descansa sob a lua
E os sonhos nossa única razão.
(Mariana L.de Almeida)
Através das portas fui escolhendo os poemas que me fizeram ser gente, fui lendo gente que era mais do que gente, fui escolhendo minha sina, fugindo da prisão e vivendo minha liberdade..Algumas portas tive medo de abrir...Através das portas deixei minhas palavras também...As páginas deste livro ainda não foram escritas.
quarta-feira, 27 de abril de 2016
Daqui agora.
Só me interessa o daqui agora
Não mais o que já foi embora
Deixando apenas vultos e sobras
Um legado de horas mortas
Silêncios abafados na porta...
Tanta ausência palavras mortas
Do que foi festa somente na hora.
Que entre agora por essa porta
E fique registrado na memória
Só o daqui agora, adiante, lá fora
Na nova vida plena de auroras.
(Mariana L. de Almeida)
Não mais o que já foi embora
Deixando apenas vultos e sobras
Um legado de horas mortas
Silêncios abafados na porta...
Tanta ausência palavras mortas
Do que foi festa somente na hora.
Que entre agora por essa porta
E fique registrado na memória
Só o daqui agora, adiante, lá fora
Na nova vida plena de auroras.
(Mariana L. de Almeida)
terça-feira, 12 de abril de 2016
Decreto.
Decretei distância total a tudo que me faz mal
Decretei distância da política, do sal, do jornal
Decretei a mim esse direito!
Desde muito cedo fui intimidada pelo mal
Ele mandava, manipulava, transtornava,
Transgredia, ameaçava e torturava
E eu copiosamente lhe honrava
Com servidão, medo e desgraça
Agora é o fim das mordaças
E meu coração enfim brada
Esta pouca liberdade.
(Mariana L. de Almeida)
segunda-feira, 11 de abril de 2016
Lutar.
Os imbecis do mundo acreditam que lutar
Seja levantar cedo e enganar milhares
Em troca de alguns milhões....
Os imbecis do mundo acreditam na felicidade
E que qualquer um pode vencer na cidade
Com seus esforços e habilidades
Sem depender, jamais, da caridade.
Os imbecis do mundo não cansam de bradar
Como é fácil ganhar, ganhar e ganhar.
Os imbecis do mundo querem te vender
Todos os esquemas para vencer
E como fazer você ter, ter e ter
Assim eles provam por A mais B
Que você pode crescer e se vender
Para simplesmente ter, ter e ter
Armamentos suficientes para obrigar
Um monte deles te obedecer.
Um monte deles te eleger
E um monte deles te proteger.
É um exército sem salvação
Que se propaga sem razão.
quinta-feira, 7 de abril de 2016
Não serei mais.
Não serei mais humilde
Não serei mais modésta
Não serei mais discreta...
Não serei mais o último arroz de festa.
Tanta polidez em vão
Tanta virtude, tanta erudição.
Não serei mais uma menina flor
Não brincarei mais com o que causa dor.
Agora vou me entregar
Ao extraordinário
Que é valorizado
Que é explorado
Que é de bom grado.
Serei uma menina mil
Cheia de artimanhas
Esperta como deve ser
Uma menina do Brasil.
(Mariana L. de Almeida)
quarta-feira, 6 de abril de 2016
Refletindo sobre Bauman.
Bauman diz que nós não somos mais contatos
E sim conexões onlines
Então, se somos só conexões
E não mais contatos humanos
Que possamos, ao menos, tocar
Nossos pobres corações
Ainda de carne e sangue
E não só de fibras óticas
Que a conexão da rede
Não nos torne presas fáceis
feito peixes.
Não sejamos peixes
Mesmo em face à toda liquidez.
(Mariana L. de Almeida)
segunda-feira, 4 de abril de 2016
O que vai te matar.
São tantas coisas que hão de matar-me
O cigarro há de matar-me
O açúcar há de matar-me
A democracia há de matar-me
Absolutamente, como uma dama
Sedutora ingrata que é
Seduziu-me sua ideia e liberdade
Uma farsa árdua que há de matar-me
Lentamente.
A democracia simplesmente não existe
Como o romance que acaba
Após três trepadas homéricas
A dose seguinte é intragável
Tentamos beber e adoecemos
Canalhas do mundo me iludem nos jornais
E se deitam em minha cama
Eu sei o que eles querem
Mas finjo que não sei.
A educação também há de matar-me
Já que sua função é construir
E não desconstruir todas armadilhas sociais
São tantos os que hão de matar-me.
Logo cedo o despertador anuncia
Mais um dia que não venci e obedeci
Espero o grande dia chegar,
Mesmo sabendo que ele nunca chegará
São tantas coisas que hão de matar-me
As palavras que me traem quando mais careço delas
As notícias das redes sociais
O homem que amei e se foi
A dívida que acumulei e não paguei
O medo das pessoas
A inocência da minha filha
O preço da carne
Um cão abandonado
Os dias desperdiçados
A vida matada num meio dia no meio da sala.
(Mariana Lima de Almeida)
O cigarro há de matar-me
O açúcar há de matar-me
A democracia há de matar-me
Absolutamente, como uma dama
Sedutora ingrata que é
Seduziu-me sua ideia e liberdade
Uma farsa árdua que há de matar-me
Lentamente.
A democracia simplesmente não existe
Como o romance que acaba
Após três trepadas homéricas
A dose seguinte é intragável
Tentamos beber e adoecemos
Canalhas do mundo me iludem nos jornais
E se deitam em minha cama
Eu sei o que eles querem
Mas finjo que não sei.
A educação também há de matar-me
Já que sua função é construir
E não desconstruir todas armadilhas sociais
São tantos os que hão de matar-me.
Logo cedo o despertador anuncia
Mais um dia que não venci e obedeci
Espero o grande dia chegar,
Mesmo sabendo que ele nunca chegará
São tantas coisas que hão de matar-me
As palavras que me traem quando mais careço delas
As notícias das redes sociais
O homem que amei e se foi
A dívida que acumulei e não paguei
O medo das pessoas
A inocência da minha filha
O preço da carne
Um cão abandonado
Os dias desperdiçados
A vida matada num meio dia no meio da sala.
(Mariana Lima de Almeida)
Dislexia.
Confesso que demoro
a perceber
e principalmente
entender certos decoros;
Mas quando assimilo
Sinto e mastigo
desisto e enterro
passo a passo como um funeral;
Não há bem que ressucite
o meu bem matado em mim
É morte anunciada
E fim.
(Mariana de Almeida).
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