De todas as mulheres do mundo
Eu já fui todas
De menina e santa
Casta e puritana
À sacana e insana
Aquela que engana
Em troca de qualquer aliança
Já fui inocente como nova
Já fui coerente como velha
Já fui linda como a lua cheia
Já fui feia como areia seca do sertão
Já disse sim e já disse não
Já entrei em templos e igrejas
Já dancei com as bruxas sob o clarão
Da imensidão da lua sobre o chão
Já entornei o vinho, o lírio, a papoula
Já mastiguei a hóstia, o pão e o sermão
Já vomitei em latrinas de ouro
Já comi em pratos de papelão
Já fui feliz ao pisar na terra com pés descalços
Já amei na beira do mar enquanto a água salgada
Molhava meu vestido de flor
Já chorei sozinha em rodovias desertas
Sem carona, sem carinho, sem deus.
De todas as mulheres do mundo
Carrego cada uma delas no meu olhar.
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