segunda-feira, 29 de agosto de 2016

29/08/2016.

E a segunda-feira irrompeu assim
Num só golpe nos levou a democracia
A esperança e a vida de tantas Marias...
A segunda-feira nos deixou uma ferida
Que sangrará por muitas e muitas vidas
Fica aqui nossa lágrima de sal
Como brinde à vitória de todo mal.



(Mariana L. de Almeida)

Fênix.


sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Duvido.

De toda lama que há no mundo
Nenhuma é mais suja que a daqui
De todo o caos que existe no mundo
Nenhum é mais perturbador que o daqui
De toda desgraça espalhada no mundo
Nenhuma reina como aqui
De toda fumaça tóxica desse mundo
Nenhuma é tão nociva como a daqui
De toda bebida podre do mundo
Nenhuma tem mais lodo que a daqui
De toda a miséria que assola o mundo
Nenhuma mata mais que a daqui
De todo ódio que há nos corações do mundo
Nenhum odeia tanto quanto o daqui
De todas as mentiras contadas no mundo
Nenhuma mentiu tão bem quanto a daqui
De toda dor que há em toda humanidade
Duvido alguma doer tanto como a que doeu aqui.
De todo amor que falta no mundo todo
Aqui faltou também, mas não vingou
Só de vingança para minha dor
Eu amei e amei e amei
Como ninguém mais no mundo amou.

(Mariana L. de Almeida)

Quero.


segunda-feira, 22 de agosto de 2016

As noites da cidade.







As noites no centro das cidades
São sempre tristes com suas ruas sujas
Poças d'água encardidas de carbono
Lama, cuspe, mijo e burocracias
Do dia que passou.
Não me iludo, as noites daqui
São tão sujas quantos as de Paris,
Nova Iorque, Marrakech e Milão.
Noites que fedem a perfume barato,
Cigarros, bebidas, catarro e sexo.


As putas do centro da cidade
São exatamente as mesmas
De qualquer lugar do mundo
A maioria delas é filha de alguém
E a maioria delas é mãe de alguém
E a maioria delas é mulher de alguém
E a maioria delas paga contas ao amanhecer
E a maioria delas toma café e porrada
Num bar miserável da cidade.
É preciso sempre encarar a volta
Algum buraco do mundo deve ser sua casa
Algum buraco do mundo guarda suas histórias
Algum buraco do mundo esconde toda a verdade.

Eu nessa hora de insônia
Penso nas putas da General Carneiro
Penso nas putas da Paulista, da Tijuca
De Manhattan e de New Orleans
Gostaria que elas soubessem
Que alguém desse planeta absurdo
Está pensando nelas.... No frio,
No açoite, na coca, no medo, nos caras que chegam.
Jogo minha bituca pela janela
Observo a brasa se despedaçar ao chão
Não sinto culpa, ajudo foder o mundo
Denuncio nossa maldade
Traduzo para você
O que a noite não revelou.








(Mariana de Almeida)
Imagem: Uma rua de Amsterdam.