quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Antes do fim..

Me desculpem por sempre estragar tudo antes do fim.
O final nunca me causou expectativa
só espanto.
Então antes do fim eu tinha que parar.
Do fim eu tinha que vencer
Do fim eu tinha que fugir.
O fim eu tinha que matar.
Meu instinto sempre uivava próximo ao fim.
O fim de uma busca incansável
me parecia algo pior que a morte,
o fim versus o próprio fim...
A busca talvez fosse melhor que o próprio tesouro
:Afinal existem tesouros escondidos?
mas a busca...quanta surpresa revela...
Tesouros não me parecem confiáveis...
Portos seguros me parecem inseguros demais...
O amor parece ser feito de dor
E uma união parece ser um acordo injusto demais...
"Algo cheira podre no Reino da Dinamarca" Hamlet/Shakespeare...
E tudo continua mais ou menos igual.

Mariana Lima de Almeida.

09/09/2009....tarde.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

DOCURA.

Nasci dura, heróica, solitária e em pé. E encontrei meu contraponto na paisagem sem pitoresco e sem beleza. A feiúra é o meu estandarte de guerra. Eu amo o feio com um amor de igual para igual. E desafio a morte. Eu - eu sou a minha própria morte. E ninguém vai mais longe. O que há de bárbaro em mim procura o bárbaro e cruel fora de mim. Vejo em claros e escuros os rostos das pessoas que vacilam às chamas da fogueira. Sou uma árvore que arde com duro prazer. Só uma doçura me possui: a conivência com o mundo. Eu amo a minha cruz, a que doloridamente carrego. É o mínimo que posso fazer de minha vida: aceitar comiseravelmente o sacrifício da noite.

CLARICE LISPECTOR*

quarta-feira, 17 de junho de 2009

"Por cima do abismo estende-se minha alma
tensa como um cabo onde me equilibro,
malabarista de palavras."

MAIAKÓVSKI

quarta-feira, 10 de junho de 2009


"Mas o que vou dizer da Poesia?
O que vou dizer destas nuvens, deste céu?
Olhar, olhar, olhá-las, olhá-lo, e nada mais.
Compreenderás que um poeta não pode dizer nada da poesia.
Isso fica para os críticos e professores.
Mas nem tu, nem eu, nem poeta algum sabemos o que é a poesia."

Federico Garcia Lorca (poeta espanhol).

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Tempos difíceis.

Tempos difíceis passaram
Dor, perdas e danos
Passaram
Adeus febres, úlceras, fobias
Adeus para sempre!
É o outono da minha vida
O vento varre as folhas secas
E novos brotos de luz já aparecem
sorriem brilhando para mim
Tempos difíceis passaram
Tormentas e tempestades acabaram
O vento acarícia minha pele
E tudo magicamente reaparece
A vida, o sol, minha sorte
Tempos difíceis passaram.

Mariana Lima de Almeida. 21/05/2009.

domingo, 26 de abril de 2009

O tempo não para.

O tempo não para
mas eu sempre perco tempo
O tempo não para
mas os dias passam por mim
e eu não posso tocá-los
Estar vivo e não poder viver
é já estar morto sem descansar
E eu tô cansada
como há muito tempo não estava
As mentiras me vencem
A morte me vence.

Mariana Lima de Almeida
26/04/2009.

sábado, 21 de março de 2009

Uma nova guerra!

Minha papoula sagrada
dilatou minhas pupilas
para uma outra realidade
O chão não é o limite
para quem nasceu dele
A alegria sempre acaba
e a tristeza ri e goza
sua soberania
Os seus dentes amarelos me assustam
Os olhos longínquos
anunciam o ínicio de uma nova guerra
Todos estão lutando
mas ninguém vencerá
Os seus dentes amarelos
sorriem para mim.

(16/03/2009)

Dor

Conhecer sua doença
Conhecer-te feto mal formado
Tingindo as noites escuras
Resto de aborto humano
Vivo!
Vomitando a escória do mundo
em nossos quintais
Gérmem do ódio fecundado
em terra sem gozo.
Dor.

Os mortos vivos.

Como é difícil enterrar os vivos
Os mortos não nos olham mais
Os olhos dos mortos não nos procuram mais
Como é difícil enterrar os vivos...