sábado, 13 de dezembro de 2008

Saudações ao Capitalismo.

Saudações ao capitalismo.
Não são maravilhosas
As invenções tecnológicas?
Eles vendem tudo...
Que não precisamos para ser feliz.
Eles criam as armas
E vendem os curativos.
Eles não falham nunca.
Não são maravilhosas
As drogas institucionalizadas?
Fluoxetina X Cocaína
Na luta pelo ranking mundial.
Eles criam o sistema
E não perdem nunca.
O plano é perfeito!
Eles trancam todas as portas
Mas vendem uma saída.
O preço é inacessível.
E novas portas são trancadas
Para o caminho da felicidade.
Felicidade vendida
Felicidade inacessível
Felicidade perdida.
E o sistema continua

Nos ganhando sempre
Exército do Mal
Que propaga a doença
De uma vida sem sentido.
Eles guardaram as chaves
No fundo de um porão
Eles prenderam as pessoas
Para sempre na prisão
Eles transformaram o planeta
Em um monte de carvão.



(Pseudônimo - Natasha Poetry).

Assassinato.

O amor está assassinado.
A doença financeira
matou o amor.
A doença burocrática
envenenou o amor.
Os papéis foram mais importantes.
Nossa palavra
perdeu a verdade.
O seu excesso
causou minha escassez.
O seu lixo
já matou minha fome.
Mas sua água era suja
e sua sede
ninguém poderá curar.
Nossa sede, ninguém,
poderia curar.

Mariana Lima de Almeida.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

AGORA.

Resta-me agora
Como lembrança
Minha pessoa
Minha personalidade
A herança cultural
De uma vida
Vivida a margem
A margem de tudo
Aprendíamos fingir
Nosso ódio nascente
Como quem finge viver
Matou-se o mais humano
Aprendíamos fingir
Nossa benção
Como quem fingi amar
Mudos
Gelados
Pernas e estômagos
A viagem alucinante
Não quero mais me encontrar
Quero me abraçar
Me levar pra longe
Onde poucos podem estar
Eu vou...
Só como todos os poetas
Sonhando em encontrar
A grande luz
Que possa nos clarear. (10/06/97)

Mariana Lima de Almeida.

Aquela Coisa.


Aquela Coisa (Raul Seixas/ Kika Seixas/ Cláudio Roberto)


Meu sofrimento

É fruto do que me ensinaram a ser

Sendo obrigado a fazer tudo

Mesmo sem querer


Quando o passado morreu

E você não enterrou, o sofrimento

Do vazio e do amor

Ficam ciúmes, preconceitos de amor

E então? E então?


É preciso você tentar

Mas é preciso você tentar

Talvez alguma coisa muito nova

Possa lhe acontecer


Minha cabeça só pensa aquilo que ela aprendeu

Por isso mesmo eu não confio nela

Eu sou mais eu


Prá ser feliz é olhar

As coisas como elas são

Sem permitir da gente uma falsa conclusão

Seguir somente a voz do seu coração


É preciso você tentar

Mais é preciso você tentar

Talvez alguma coisa muito nova

Possa lhe acontecer


E aquela coisa que eu sempre tanto procurei

É o verdadeiro sentido da vida

Abandonar o que aprendi

É parar de sofrer

Viver é ser feliz e nada mais!!!!

sábado, 6 de dezembro de 2008

A Falência do Prazer e do Amor


Fernando Pessoa
A Falência do Prazer e do Amor
Terceiro Tema

I
Beber a vida num trago, e nesse trago Todas as sensações que a vida dá Em todas as suas formas [...] ..................................................................... Dantes eu queria Embeber-me nas árvores, nas flores, Sonhar nas rochas, mares, solidões. Hoje não, fujo dessa idéia louca: Tudo o que me aproxima do mistério Confrange-me de horror. Quero hoje apenas Sensações, muitas, muitas sensações, De tudo, de todos neste mundo — humanas, Não outras de delírios panteístas Mas sim perpétuos choques de prazer Mudando sempre, Guardando forte a personalidade Para sintetizá-las num sentir. Quero Afogar em bulício, em luz, em vozes, — Tumultuárias [cousas] usuais — o sentimento da desolação Que me enche e me avassala. Folgaria De encher num dia, [...] num trago, A medida dos vícios, inda mesmo Que fosse condenado eternamente — Loucura! — ao tal inferno, A um inferno real.

A Tentação Original.


A TENTAÇÃO ORIGINAL...
A tentação original foi a de destruir.Os Penhascos.A Estrada.Os Muros.
Heroísmo original - enganar os elementos do fogo.Chamar criaturas para a tempestade.O heroísmo original foi a queda.O baile.O Todo. Homem natural.
Participar na criação.Aprontar as coisas.Trazer as Coisasaté ao ser.
A Encruzilhada onde o carro se oculta.Jaz.Habita.Um lugar de encontrode Mundos. Onde se fazem os sonhos.Onde tudo é possível. Os demônios mentem.
O carro é de aço & cromado. A pilha de lenha.O alto da pilha. O montão. O cemitério.Onde o metal é reduzido ao seu mundoelemento comum. Para renascer. Uma fábulade renascimento no deserto. Tornar-secaos & regressar.
2 pitas pretas, ou um rei & uma rainha,fazem comentários à varanda.
Os tipos de sociedade desfilam pelos painéis.Microcosmo num dedal.


JIM MORRISON

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Foda-se

Foda-se.
Foda-se a ordem
Foda-se a lógica
Foda-se a escória
No final
Tudo acaba igual
Para mim e para você
Foda-se os sonhos
Foda-se o mal
Foda-se o bem
No final
Tudo acaba
Exatamente igual
Para mim e para você. (15-06-2008)

Mariana Lima de Almeida

O nosso amor



O nosso amor não deu
Inventamos e reinventamos o nosso amor
Mas não deu
Mudamos de roupa
Trocamos o cenário
Mas não deu...
Nossa fala já esgotada
Não tinha mais o que dizer
(mas o peito ainda doía)
Então trocamos o texto
Mas não colou
Trocamos tudo de novo
Roupas, palavras, cenários
Mas infelizmente não deu
Desesperadamente
Trocamos o esquema, corrompemos o sistema
Para nunca morrer a beleza
Mas não deu
Éramos somente dois
Contra um país inteiro
E junto com ele nosso tormento
Então tentamos trocar tudo de novo
Moedas, títulos e dividendos
Mas não deu
O nosso amor
Não deu.
(14-06-2008).
Mariana Lima de Almeida.

A Era de Peixes


Ao Cancioneiro

Estar vivo
No âmago do inconsciente
Estar vivo
Na mais pura fantasia
Estar vivo
Nos mais puros sentimentos
Estar vivo
Na mais doce melodia
Por uma vida me esqueço
Que sou gente
Que sou da espécie humana
Tarde demais para lembrar...
Perdi-me ao assistir
Este teatro de horrores, de guerras
Esta verdadeira face da humanidade
Da eterna sede de poder
“O mundo é a vontade de poder”
Já disse Nietzsche.
Estar vivo
No íntimo do universo
Estar vivo
Para minhas ideologias
Estar vivo
Vivendo muito só.
(21/02/97)
Mariana Lima de Almeida.

Sou eu.




E é nessa hora
Que me encontro
Alma, sonho e recordação
Não há tempo
Não há planos
Não há nada
Que me prenda
A essas paredes
Cimento e tijolo
Quero somente o consolo
Lembrar que sou eternidade
E que eterno é o meu amor
O sol mostra-me
Na imensa escuridão
Para contemplar-me
Integro-me ao Universo
Sou elemento da vida
Sou estrela filha
Que em milhões de anos
Despertará viva
Iluminando
Uma noite triste
Acariciando seu coração. (14/01/98)